A saga da manhã de Tarcisinho!




28 de janeiro, era o início de uma manhã com o céu coberto de nuvens com tons diferentes de cinza. O sol, que em outros lugares do mundo estaria brilhando em todo o seu esplendor, em Kempen, ele se esforça com todo o seu poder, mas não consegue aparecer. Tarcisinho veste o seu velho companheiro de inverno, um casaco surrado que já havia aguentado vários invernos, o que era visível pelos sinais de desgaste e um ou outro botão faltando. 

Abre a porta e vai descendo os degraus em direção à rua. Ele aprecia a paisagem, sente o vento frio em seu rosto, pega sua carteira de cigarros, escolhe um e o acende. Ele tira ali alguns minutos para pensar na vida e no dia que iria iniciar. Pensou em quais seriam as suas tarefas e como aproveitaria as preciosas horas do seu dia. O cigarro ainda estava pela metade, quando ele sentiu algo diferente em seus dedos. Era uma sensação de queimação e dor ao mesmo tempo. Ele trocou o cigarro de mão, pensando que algo estava errado com a sua mão direita, quando percebeu que a sua mão esquerda também estava com a mesma sensação, porém, com um enrijecimento cadavérico que mal o deixava mexer os dedos. Ele começou a notar que a mesma sensação acontecia com seu rosto e começava a passear por todo o seu corpo. 

_Meu Deus!! O que está acontecendo comigo?

Nesse exato momento, ele se lembrou de algo, pegou seu smartphone e decidiu olhar a previsão do tempo para aquele dia.

Para a sua surpresa, o aparelho mostrava que naquele momento a temperatura atual era de cinco graus. 

Ele pensou que os cinco graus não seriam suficientes para fazer os seus dedos quase caírem das mãos, então decidiu olhar a sensação térmica que o aplicativo mostrava.

Foi então que ele entendeu que, toda a dor, a sensação de queimação e formigamento que passava no seu corpo, estava diretamente relacionada uma combinação de um vento muito forte com a gélida, sombria, triste e sem uma gota de alma, terrível sensação de zero grau! 

Voltando a realidade do inverno, ele caiu em si. Deu sua última tragada, rapidamente apagou o seu cigarro e disse: 

_Puta que pariu!! Que frio!!

Subiu os degraus em direção a sua porta, girou a maçaneta com muita dificuldade, afinal ele já não sentia mais os dedos, e entrou para o aconchego dos 22 graus que aqueciam sua humilde, quentinha e confortável casa! 

Fim.

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