"A GARAGEM"
Era
uma vez, quarto lindas crianças, que viviam aprontando juntos, até que a
própria imaginação lhes pregou uma peça, ou não!
No
edifício onde nós sempre brincávamos juntos, havia uma garagem. Essa garagem
era daqueles prédios antigos, que não tem iluminação, úmida, típica de filme de
terror onde alguém sempre morre. Nessa garagem tinha também um zelador, muito
misterioso por sinal. O desafio entre nós era; descer até a garagem e chegar ao
terceiro subsolo (desafio que nunca foi superado), no máximo, chegamos ao
segundo.
Mas
a lenda toda começou quando ouvimos um grito de mulher que vinha da garagem, e
então decidimos descer pra ver quem havia dado esse tão medonho grito.
Quando
chegamos ao primeiro subsolo, não havia ninguém, apenas os carros encostados
nas respectivas vagas. Então nós nos entreolhamos e descemos mais um andar pela
rampa de acesso. Quando estávamos começando a descer vimos o zelado arrastando
um saco grande para o canto da parede...ficamos escondidos para que ele não nos
visse, mas quando fomos olhar novamente, ele havia sumido! O Ale como era o
mais corajoso e estava na frente, viu que ele havia jogado algo num buraco que
ficava no chão com tampa de metal, então quando percebemos que o zelador havia
sumido ele correu até o buraco e tirou a tampa. Quando ele olhou dentro do
buraco, caiu sentado e levantando-se rapidamente , saiu correndo e gritando
para nós: Corre! Corre! Imediatamente começamos a correr para a saída, mas
demos de cara com o Zelador que perguntou com aquela voz horripilante: O que
vocês querem aqui?
Mas
espertos que nunca, conseguimos correr em direção à saída e fugir. Quando
conseguimos respirar perguntamos pra ele: O que você viu? Ele, pálido,
respondeu: Uma mão!
Então
começaram as especulações: O que ele fez com o corpo da mulher morta? Por que
ele jogou aquela mão naquele lugar. Não podíamos deixar isso acontecer, vamos
chamar um adulto!
Foi
então que chamamos a mulher do pastor da igreja que frequentávamos, contamos
toda a história e a fizemos descer até a garagem conosco. Quando tiramos a
tampa do buraco, não havia mais nada. Mas olhando um pouco a frente, no inicio
da descida da terceira rampa, havia um saco plástico com algo dentro. Nesse
instante um carro estava subindo a rampa e iluminou o saco tirando as nossas
dúvidas. Foi nesse momento que ouvimos da Simone: Meus Deus, é uma mão mesmo!!
E todos saímos correndo.
Nesse
ponto descobrimos duas coisas:
Uma,
é que não estávamos loucos e duas; a
Simone era tão medrosa quanto nós.
Começamos
a contar todos os carros que entravam e saíam da garagem, nem sabíamos qual era
o propósito disso, mas deveria servir pra alguma coisa.
Um
dia tomei coragem e enfrentei o zelador. Desci até a garagem com a Débora e disse
a ele que sabíamos de tudo. Que tínhamos visto ele carregando o saco com o
corpo da mulher que havia gritado. Que vimos a mão cortada dentro do saco...e
tudo mais. Ele se aproximou de mim – nesse momento eu quase fiz xixi na calça –
e simplesmente me olhou e disse: Isso tudo é a imaginação de vocês!! Acho
melhor vocês não descerem mais aqui senão poderão se machucar! Engoli seco e
nunca mais desci até aquela garagem.
Resultado:
Até hoje, eu não fico numa garagem sozinha, mas nem com “reza braba”. Se era
imaginação ou não, eu nunca soube. Só sei que parecia tão real pra minha mente,
que fui aprisionada pelo terror do subsolo!
Uma
homenagem a Débora Menegatti (minha amiga até hoje), Adriana e Alexandre (in
memorian).
De
uma época em que crianças brincavam de imaginar, e imaginavam de tanto brincar!
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